O Rugido do Leão
- 16 de dez. de 2016
- 14 min de leitura

“Mas Deus o ressuscitou dos mortos, rompendo os laços da morte, porque era impossível que a morte o retivesse. ” At 2.24
No último artigo [1] falamos muito a respeito do que aconteceu com Jesus no dia do seu julgamento. Abordamos o texto profético de Isaías que diz “Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a sua boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca” (Is 53.7).
Neste artigo, entretanto, abordaremos a continuação do relato que dividiu a história da humanidade em Antes e Depois. Antes de irmos direto ao pote de mel, vamos entender o que aconteceu entre aquilo que podemos chamar de Silêncio do Cordeiro e O Rugido do Leão, ou seja, os três dias que Jesus passou no sepulcro.
Antes de qualquer consideração sobre o tema, quero deixar uma salvaguarda. Ambos os artigos não têm como objetivo ser acadêmicos ou explicar em detalhes o que aconteceu entre o Calvário e a ascensão de Cristo. Ambos os textos foram fruto de um culto que participei numa Assembleia de Deus, ministério Belém, onde o Pastor Amaury pregou sobre a morte e ressureição de Cristo, explorando, assim, a doutrina da substituição, expiação, justificação e redenção que temos em Cristo.
Contudo, crendo eu que motivado pelo Espírito Santo, decidi escrever sobre esse tema abordando uma perspectiva mais histórica sem focar muito nas doutrinas. Tenho interesse também de falar sobre o século XXI e a cegueira espiritual da igreja e dos não cristãos a respeito deste fato que mudou o mundo e a história da humanidade como um todo.
JESUS PERANTE A RELIGIÃO
Foram três anos e meio de ministério. Três anos e meio em contato com um povo que carecia de alguém que lhes tratasse diferente do que os extremistas religiosos (fariseus) e os escribas tratavam. Foram três anos e meio de bálsamo na vida de muita gente.
No que tange às curas que Jesus realizou enquanto estava vivo, podemos citar os leprosos que ele curou (Mt 8.17; Lc 17.11-19), os paralíticos (Mt 9.1-8; Jo 5.1-19), a mulher do fluxo de sangue (Mt 9.20-22), os cegos (Mt 9.27-31; 20.29-34; Mc 8.22-26; Jo 9.1-12), um homem surdo e gago (Mc 7.32-37) e um enfermo com hidropisia (Lc 14.1-6). Pessoas estas que tiveram sua história totalmente mudada apenas pelo contato com este homem chamado Jesus.
Além das curas, o que falar a respeito de suas atuações sobre a natureza: o dia que ele acalmou a tempestade (Mt 8.23-27), quando milagrosamente multiplicou pães e deu de comer à uma multidão de pessoas (Mt 15.32-38), quando andou por sobre as águas (Mc 6.48-51), quando, como provedor, fez com que pescadores tivessem a pesca mais promissora que já tiveram em todos os anos de sua profissão (Lc 5.4-11; Jo 21.1-11) ou aquele dia que, como maior químico da história, transformou água em vinho (Jo 2.1-11)?
E aquelas pessoas que foram milagrosamente libertas dos espíritos malignos que a assolavam (cf. Mt 9.32-37; Mc 1.21-27; Mc 5.1-15)? E isso sem contar aquelas coisas que não foram relatadas (Jo 21.25).
Agora, de uma noite para outra, estava Jesus sendo buscado por pessoas mandadas pelo poder religioso a fim de prendê-lo e traído por um amigo seu (Mt 26.47-50). Foi solicitada uma reunião na casa do Sumo Sacerdote, chamado Caifás, com os anciãos e os teólogos (escribas) da época a fim de acharem algo na boca de Jesus que pudesse incriminá-lo. No meio da reunião, Jesus, respondeu à pergunta de Caifás se ele era ou não “o Cristo, o Filho de Deus”. Depois da resposta, Jesus é condenado pela religião e estes cospem em sua face, lhe dão murros, esbofeteiam-no e ridicularizam a Cristo dizendo: “Profetiza-nos, ó Cristo, quem é que te bateu!” (cf Mt 26.57-68).
Chega a ser espantoso o que homens podem fazer com a bíblia na mão. Além de fazer um terrível desserviço ao povo, são capazes de matar a razão da própria fé. O povo judeu, que antes esperava ansiosamente pela vinda do Messias (ou Cristo), agora, com este encarnado (Jo 1.14) o recebe com ódio, ao invés de amor. Quando homens acham que seus títulos religiosos (pastores, padres, bispos, presbíteros, teólogos, professores, mestres, etc) são maiores do que a fonte da verdadeira religião, a tendência é escarnecer de Cristo e até mesmo matá-lo, tamanha a cegueira espiritual que estes se encontram.
JESUS PERANTE O PODER POLÍTICO/JUDICIÁRIO
Depois de todo aquele escárnio nas mãos do poder religioso, Jesus é entregue ao Governador da província romana da Judeia, que, segundo Jona Lendering [2] “era um senador ou cavaleiro romano que era responsável pelos impostos, a administração civil, a administração da justiça e o comando militar das províncias da República Romana e, mais tarde, do Império Romano”. Pilatos recebeu a Jesus e passou a interrogá-lo. Contudo, nunca foi a intenção de Pilatos mandar crucificar a Jesus, isso por ao menos duas razões:
Pilatos entendeu que os religiosos estavam naquele motim contra Cristo levados por pura inveja (Mt 27.18);
Sua esposa o alertou para que não fizesse nada contra Jesus (Mt 27.19).
Este tentou por três vezes (Mt 27.17, 21, 22) soltar a Jesus, mas sem sucesso (Mt 27.20, 21, 22, 23). Agora Pilatos se encontra, muito provavelmente, diante da situação mais delicada que já deve ter enfrentado enquanto estava no poder. Estava em suas mãos duas possibilidades:
Soltar a Jesus e ser reprovado pelo povo judeu;
Negligenciar a justiça, soltar o criminoso, e mandar crucificar a Jesus, o Justo.
Como todo político tem desejo de se perpetuar no poder, claro que ele optou pela segunda alternativa e lavou suas mãos do sangue de Jesus (Mt 27.24) e o entregou para ser crucificado (Mt 27.26).
JESUS PERANTE O PODER EXECUTIVO
Depois de todo o escárnio sofrido pelo poder religioso, pelo descaso do poder público, agora está Jesus perante o poder executivo, os policiais da época.
Perceba que todos os setores que compõe a pólis está corrompido. As autoridades que “foram por ele instituídas” (Rm 13.1), agora se viraram contra ele! Ao invés de renderem culto santo ao “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (1Tm 6.15) decidiram fazer-lhe uma coroa, não de ouro, mas de espinhos (Mc 15.17); bateram nele com um caniço na cabeça, que fazia com que os espinhos entrassem mais e mais no couro cabeludo, certamente rasgando a pele; cuspiram nele, e prestaram falso culto. Como se não bastasse, ainda lhe tiraram as vestes que haviam dado a ele, o que certamente fez com que a roupa colada no corpo por conta do sangue causasse mais dor a Jesus, deixando-o por alguns momentos nu na frente de todos até lhe vestirem suas próprias roupas (cf. Mc 15.16-20).
Depois, levaram Jesus para o Gólgota, tentaram drogá-lo, atravessaram suas mãos e pés com os pregos, e então o levantaram. Um dos ladrões e as pessoas que assistiam aquele espetáculo como quem assiste um filme de ação blasfemavam e zombavam dele, muito provavelmente com um sorriso maldoso e gritos de ódio.
A MORTE DE JESUS CRISTO
Os céus se fecham e trevas tomam conta do cenário. Jesus Cristo, quase morto asfixiado, consegue ainda pronunciar sete frases. Deram vinagre para ele beber ao invés de água e logo Jesus entregou o espírito (Mt 27.45-50).
Quanto a morte de Jesus, foi normal como em qualquer outra crucificação, mas não se levar em consideração que Jesus morreu muito mais rápido que o comum (Mc 15.44). O que impressionou a todos que estavam ali foi o que sucedera após a morte de Jesus. Mateus relata da seguinte maneira:
“Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas; abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram [...] O centurião e os que com ele guardavam a Jesus, vendo o terremoto e tudo o que se passava, ficaram possuídos de grande temor e disseram: Verdadeiramente este era Filho de Deus.” Mt 27.51-52, 54
Tudo estava diferente naquela sexta-feira. Esta não foi como as outras. Aqueles que antes pediram a crucificação de Cristo ficam perplexos.
PROMESSAS NO ANTIGO TESTAMENTO
Há algumas promessas no Antigo Testamento que falam sobre o dever de o Cristo ressuscitar. Isso ressalta ao menos duas coisas:
A ressurreição não é uma invenção de Jesus e de seus apóstolos;
A ressurreição é algo que está diretamente ligada à pessoa de Jesus Cristo.
Para sabermos que a ressurreição é verdadeira, vamos analisar, antes de tudo, o pensamento do Senhor Jesus a respeito deste tema. Analisaremos o texto de Marcos capítulo 12:
“Então, os saduceus, que dizem não haver ressurreição, aproximaram-se dele e lhe perguntaram, dizendo: ‘Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se morrer o irmão de alguém e deixar sua mulher sem filhos, seu irmão a tome como esposa e suscite descendência a seu irmão. Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou e morreu sem deixar descendência; o segundo desposou a viúva e morreu, também sem deixar descendência; e o terceiro, da mesma forma. E, assim, os sete não deixaram descendência. Por fim, depois de todos, morreu também a mulher. Na ressurreição, quando eles ressuscitarem, de qual deles será ela a esposa? Porque os sete a desposaram.’ Respondeu-lhes Jesus: ‘Não provém o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus? Pois, quando ressuscitarem de entre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento; porém são como anjos nos céus. Quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido no Livro de Moisés, no trecho referente à sarça, como Deus lhe falou: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, e sim de vivos. Laborais em grande erro.’” Marcos 12.18-27
A primeira coisa que salta os olhos aqui nessa conversa entre Jesus e os saduceus é o fato de os saduceus usarem a própria Escritura para negar a doutrina da ressurreição. O problema é que, para Jesus Cristo, negar essa doutrina é negar a própria razão da fé. E por que isso? Muito provavelmente Jesus tinha em mente o fato de que a filosofia dos saduceus é prejudicial quanto às perguntas básicas do ser humano “Quem sou? De onde vim? Para onde vou?”, claro que perguntas essas de uma perspectiva filosófica.
Se a ressurreição não existe, então a minha vida é uma tolice, não faz sentido e tampouco devo lutar para a manutenção desta. É, de fato, uma vida sem propósito algum. E por essa razão Jesus afirma que Deus não pode ser “o Deus de Abraão de Isaque e de Jacó”, caso estes tenham tido um ‘tombo no não-ser’, ou seja, deixar de ser. Se Deus se apresentou a Moisés a mais de 400 anos após a morte do patriarca Jacó como “Deus de Jacó” e de seu pai e avô, obviamente Jacó e os demais estavam vivos e bem vivos. Por isso Jesus diz: “ele não é Deus de mortos, e sim de vivos.”
Portanto, se Deus escolheu Abraão para salvação, e a Isaque, e a Jacó, e tantos outros homens e mulheres, é impossível que essas pessoas deixem de ser. Igualmente é válido para Jesus, que, além de ser o próprio Deus encarnado, é também o Ungido de Deus, o Messias, o Cristo. Mas essa é a proposição de Jesus a respeito da ressurreição baseada na vida destes três grandes homens e heróis da fé.
E onde mais nos é falado, no AT sobre a ressurreição dos mortos? Vejamos en passant sobre este assunto.
O Antigo Testamento inteiro fala sobre morte e ressurreição de maneira tipológica e simbólica, apontando para o que aconteceria com Cristo. Por exemplo:
“cada figura de condenação e salvação – de exílio e restauração – é símbolo da morte e da ressurreição de Cristo. Fosse (1) o julgamento do mundo nos dias de Noé, seguido do mundo recém criado que ele e sua família saíram da Arca para habitar, ou (2) o julgamento de Babel, seguido pelo chamado de Abraão e a criação do povo da aliança, ou (3) o julgamento que caiu sobre o Egito (culminando na morte no Mar Vermelho) e a salvação de Israel saindo do Mar Vermelho (ressurreição) como uma nova criação simbólica; ou (4) ou o julgamento-morte tipológico de Jonas na barriga do peixe e sua subsequente restauração/ressurreição simbólica do lugar dos mortos; ou (5) a condenação-exílio que Israel experimentou no cativeiro na Babilônia que terminou na sua restaruração para a terra prometida – Deus esteve sempre prenunciando a obra salvífica de Jesus para o seu povo.” [3]
Segue-se portanto, que não só textos claros da bíblia como Salmo 10.6, Isaías 53.1-12, Oséias 6.2 e muitos outros, como também toda a Escritura aponta para este fato incontestável da morte e ressurreição de Cristo.
RESSURREIÇÃO NO NOVO TESTAMENTO – RAZÃO
“E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé”. Essas foram as palavras do apóstolo Paulo dirigidas à Igreja de Corinto na sua primeira epístola, capítulo 15, verso 14.
O que ele nos ensina aqui? Não seria um exagero dizer que o Cristianismo só é o que é porque a doutrina da ressurreição é o que é. Se não houvesse ressurreição, toda a pregação apostólica seria considerada nada, bem como seu martírio considerado loucura. E Paulo vai mais longe: “Se Cristo não ressuscitou, é... vã, a vossa fé”. Por que Paulo afirma isto? Por pelo menos algumas razões, entre muitas outras:
O cristão é alguém que parou para pensar nas perguntas supramencionadas (Quem sou? De onde vim? Para onde vou?);
O cristão é alguém que olhou para todos as pessoas e lugares (filósofos, líderes religiosos, templos, cidades, etc) e percebeu um homem diferente deles, a saber, Jesus Cristo. Foi nesse momento que ele descobriu que seu problema era encontrar alguém, e o achou na pessoa de Jesus Cristo;
O cristão encontrou na pessoa de Jesus Cristo a esperança de vida eterna, pois se Ele ressuscitou, também nós podemos ter essa esperança, isso em razão do fato de que se um dentre nós – humanidade – venceu a morte, o que é um absurdo à luz do senso comum, então todos os seus ensinamentos são verdadeiros, bem como sua própria pessoa;
O cristão não é alguém alienado. Ele tem base sólida. Ele lê os Evangelhos, o livro de Atos, a história da igreja e averigua que essa doutrina é real, pois ninguém dá a vida por uma mentira.
O cristão não tem outra esperança, senão esta. Nesse ponto católicos e protestantes são unânimes. É a doutrina da ressurreição que faz com que o Cristianismo seja diferente de qualquer outra religião ou filosofia de vida. O cristianismo se baseia em fatos, em demonstração crível da ação de Deus na história.
Portanto, quando falamos sobre a ressurreição, apenas o nome do Senhor Jesus Cristo é invocado, pois Ele é o único que pode provar sua ressurreição e também foi testemunhado por mais de 500 pessoas (1Co 15.6).
RESSURREIÇÃO NO NOVO TESTAMENTO – CUMPRIMENTO
“Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem embalsama-lo. E, muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar o sol, foram ao túmulo. Diziam umas às outras: Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo? E, olhando, viram que a pedra já estava removida; pois era muito grande. Entrando no túmulo, viram um jovem assentado ao lado direito, vestido de branco, e ficaram surpreendidas e atemorizadas. Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está mais aqui; vede o lugar onde o tinham posto.” Marcos 16.1-6
Como explicar uma série de absurdos como este? Um túmulo fechado por uma grande pedra (Mc 16.4b) agora aberto, com guardas de soldados romanos (Mt 27.62-66) sem que nenhum deles tenha visto nada, e agora um anjo dentro do túmulo. Como explicar isso?
Bom, como já mencionamos, há profecias no Antigo Testamento sobre a ressurreição. Temos também o auxílio da história. E agora, como se estivéssemos em um tribunal, temos testemunhas para depor a favor desse fato. “Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé” foram as primeiras pregadoras dessa mensagem.
Abrindo um parêntese aqui a respeito disto: a fé de uma pessoa pode mudar a história do mundo inteiro. Perceba que no verso 18 do Capítulo 20 de João, Maria aparece ali como a grande pregadora da esperança naqueles dias. Mesmo com pessoas não crendo, ela ainda continuou a pregar. E enquanto pregava, Pedro e João foram averiguar se era verdade aquela pregação (Jo 20.2-8).
E por causa da pregação dessa mulher, como que semente plantada em boa terra, nasceram os maiores pregadores da história do Cristianismo. Mesmo que por algum momento eles não creram na ressurreição por estarem cegos quanto à Escritura (Mc 16.8, 11; Lc 24.25, 27; Jo 20.9), a pregação de Maria Madalena não foi em vão. Ardia no coração dela a mesma chama que ardeu no apóstolo Paulo, que o levou a dizer “eu sei em quem eu tenho crido e sei que Ele é poderoso” (2Tm 1.12).
O cumprimento profético sobre a ressurreição do Cristo não foi por meio de um sonho, mas por meio de fatos, comprovados pelo sangue derramado de milhares e milhares de mártires.
A RESSURREIÇÃO E A VIDA
Sem dúvida esse evento mudou a história. O Cordeiro que, outrora, se silenciava e tinha seu sangue escoado, agora ruge como Leão: “Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?”
Essa vitória que Cristo conquistou na sua ressurreição será também desfrutada por nós. Bradaremos tal como Cristo (1Co 15.54-55)! E essa é a loucura do cristianismo. Ao contrário dos filósofos epicureus, estóicos, hedonistas, ateus, agnósticos ou qualquer outra vã filosofia, os cristãos têm uma esperança segura. Nosso Mestre e Senhor não acreditava numa utopia. Ele não pregava uma mentira. Ele não andava contrário à sua pregação. Pelo contrário, Jesus Cristo tinha “simetria de Caráter” – como diria o teólogo Jonathan Edwards . O que Jesus prega, ele é. Não há dicotomia entre suas palavras e sua vida. A sua pregação era totalmente condizente com seu caráter.
E como consequência máxima da fé produzida pelo Cristianismo, vemos temos a seguinte declaração bíblica, apostólica, e portanto, palavra de Deus: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” (1Co 15.19)
Por que Paulo diz isso? Gosto de pensar que por causa do exemplo deixado por Cristo em João, capítulo 4. Os discípulos de Jesus haviam acabado de chegar no meio de uma conversa que Jesus estava tendo com a mulher samaritana. Depois que ela saiu e foi para a cidade de Samaria falar a respeito do que Cristo falara. Vendo os discípulos que Jesus já tinha terminado a conversa, eles rogaram para que Jesus comesse. E Jesus disse: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (vs 34).
Por causa da sua “fome” de realizar a obra do Pai, Jesus não se limitou apenas à esta vida. Por essa razão também ele também pregava o Evangelho do Reino (Mt 4.23). E é disso que Paulo está falando. A fé cristã não é uma fé que se limita “apenas a esta vida”. Claro que devemos pensar nessa vida, afinal somos peregrinos aqui. Contudo, somos peregrinos com uma esperança, com uma ambição: chegarmos ao “reino celestial” (2Tm 4.18).
Quando falamos, portanto, de ressurreição, falamos de vida, e de vida em abundância. Vida eterna. Afinal, se a vida não é uma “caminhada do berço à sepultura”, como disse o Rev. Hernandes Dias Lopes, prosseguimos na tese cristã que a vida que realmente vale a pena é a vida com nosso Criador, Senhor, Pai e Mantenedor e seus filhos (Sl 133). É ali onde há vida e bênção. É ali onde tudo faz sentido.
Uma vez, almoçando com alguns irmãos muito queridos, um deles na mesa disse uma frase que jamais esquecerei: “Não há nada mais gostoso na vida do que estar sentado numa mesa comendo e rindo com as pessoas que amamos”. E isso é verdade. Foi essa também a promessa do Senhor Jesus Cristo à igreja de Laodicéia, e a nós também, registrado por João em Apocalipse 3.20: “Eis que estou à porta e bato, se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo”. Há gozo mais excelente do que do que cear, rir e festejar com seu Criador, Redentor e Irmão (Gn 1.26; Is 43.11; Hb 2.10-18)? Nada mais excelente!
A práxis cristã é mais excelente do que qualquer outra filosofia ou religião. As bases cristãs são sólidas, baseada em fatos e em verdades. Não há caminho rumo ao abismo. Está tudo claro, muito bem fundamentado. Nossas respostas religiosas, políticas, sociais, relacionamentais são todas respondidas. Descobrimos que uma vida vivida à luz do individualismo e egoísmo não faz sentido. Somos orientados à uma vida em comunidade, pluralidade de opinião e culturas. Não somos presos aos nossos agrados, mas ao dos outros.
Sem sombra de dúvida, o cristianismo não pode ser apenas “mais um” entre vários sistemas, pois há coisas muito peculiares nele. A começar pelo próprio conceito de Deus, revelado em sua Palavra, sem mencionar o conceito de antropologia que o cristão tem. Quando uma pessoa se encontra com Cristo, Deus e o homem são colocados nos seus devidos lugares em sua mente e coração. O mundo passa a ter cores. Os objetos se tornam palpáveis. O ar passa a ser mais respirável. A água parece mais molhada e o calor mais quente. Tudo passa a ser mais intenso e admirável.
Quando falamos de ressurreição, falamos de continuidade. Nossa história não acaba debaixo de sete palmos de terra sobre nós. Passamos sermos cidadãos de uma pátria nova e a morte é apenas um pedaço desse caminho que leva à nossa terra. Lá Jesus Cristo “lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21.4).
Em suma, o Rugido do Leão foi este: “Agora que eu ressuscitei, digam aos outros que haverá ressurreição para eles também (Mt 28.18-20)! Avisem a eles que uns ressurgirão para a vida, desfrutando do gozo do seu Senhor (Mt 25.21), e outro para a perdição eterna, onde será castigado por Deus eternamente (Mt 25.41). Avisem a eles que sendo ateus, agnósticos, muçulmanos, espíritas, budistas, e até mesmo cristãos nominais, sem nenhum compromisso com a verdade e comigo, no final terão seus joelhos dobrados, e suas línguas me louvarão por quem eu sou (Fp 2.9-11), independentemente do lugar para que irão na ressurreição. Eu sou o Senhor que morreu e agora ressuscitou. Eu tenho a chave da morte e do inferno (Ap 1.18)!”
Oro para que este dia chegue logo.
A Deus toda a glória!
Caio Matos
[1] http://www.genuinoevangelho.com/single-post/2016/10/26/O-SIL%C3%8ANCIO-DO-CORDEIRO ; http://cicmatos.wixsite.com/caiomatos/single-post/2016/10/27/O-Sil%C3%AAncio-do-Cordeiro
[2] LENDERING, Jona. Provincial governous (Roman)
[3] http://reforma21.org/artigos/morte-e-ressurreicao-a-chave-para-o-antigo-testamento.html
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